Passos lentos, sombrinha na mão, pensamento longe. Pingos caem sobre a calçada e criam formas. Com elas viajo ao infinito por mais de sete quadras. Nos dias de hoje, onde os carros tomam conta das avenidas, circular pelas ruas tornou-se mais incomum. Mas como é bom caminhar quando a chuva cai leve sobre teu percurso. É como lavar a alma. A vontade que dá é de deixar que as gotas molhem teu rosto e limpem o teu corpo.
Às vezes a gente só sabe reclamar que está chovendo. Mas vocês já se imaginaram sem beber nada nestes dias de muito calor? É preciso pensar na natureza. É necessário ouvir nossos batimentos. Muitas vezes vivemos numa rotina que faz com que a gente abra a janela do quarto sem nem perceber o que está diante de nossos olhos. É como ligar algo no automático. Num primeiro momento buscar o meu carro na revisão em dia de chuva pareceu ser um verdadeiro caos. Tinha como opção pegar um táxi ou circular pelo bairro à pé. Fiz a melhor escolha e quase que deixei o carro na concessionária para continuar viajando nas gotas cristalinas que caiam do céu.
Mas os benditos compromissos não iriam me permitir que eu continuasse com a sombrinha na mão e pensando como é bom mudar, transformar, reciclar, apostar, questionar e vibrar. Era hora de trabalhar e acelerar os passos. O relógio não havia parado e o tempo tinha se adiantado. Mesmo em cima do laço para ir até a produtora tive a certeza de que é necessário estar sempre mudando as rotas e permitindo que as ideias “enlouqueçam”.
Se eu fosse um peixe queria estar no mar. Se eu fosse um pássaro eu queria voar. Se eu fosse escolher um caminho não seria o mais fácil e sim aquele que me desse mais prazer. Por isso, nada melhor do que vida sem rotina! O melhor mesmo teria sido se eu chutasse o balde e virasse criança por alguns minutos e mergulhasse naquele banho de chuva bem geladinho!
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